terça-feira, 6 de janeiro de 2009

UM POUQUINHO DE NÓS!

A alguns dias ando pensando como eu poderia deixar os acontecimentos do dia a dia do Filipe mais sólido, mais palpável para ele daqui alguns anos. Acho que como não me lembro de quase nada da minha infância e as vezes tenho muita curiosidade de saber como foi a mesma, decidi que um diário seria a melhor forma de guardar em palavras a vida do meu pequeno príncipe. Filho estou fazendo por ti e espero do fundo do meu coração que você goste da minha iniciativa um dia.
Agora são exatamente 23:57 do dia 04 de janeiro de 2009 e comecei escrevendo no word pois o moldem não está funcionando para abrir um blog ou algo parecido.

COMO TUDO COMEÇOU

O Rodrigo e eu começamos a nos relacionar exatamente a 7 anos 6 meses e 19 dias, foi no dia 15 de junho de 2001 que ele com seu violão e sua voz firme e macia começa a cantar do nada a música:

“Bati de frente com você
Meu coração sentiu que ia acontecer
Um sentimento forte entre você e eu
Foi emoção demais pra mim.

Falaram tanto de você
Que eu não resisti e quis te conhecer
Você é infinitamente mais amor
É pulsação, é vida.

Bastou um toque deste teu amor
Pra acabar de vez com a solidão
Eu descobri você é a razão
Pra me deixar de bem com a vida.

Você entrou em minha vida sim,
Você é bem mais do que um sonho bom
Você é tão real e vive em mim
Vive em mim
O nosso amor não vai ter fim”.


No dia seguinte, como perfeito cavalheiro, ele me pediu em namoro, nada de ficar, era sério, me amarrei. Dia 07/12/2004 foi nosso noivado, confesso que pedi para meu pai fazer aquela cara de sério, todo aquele sermão “aí de você se...”, mas ele não teve coragem, acho realmente que ele era o que mais apoiava todo o acontecimento. Dia 16/12/2005, fui para a faculdade pegar a nota da monografia, 9,5, passei, saí correndo para o salão, meu Deus aquele era meu dia, só meu, tudo mágico, tudo muito especial, nos casamos no cartório, churrascaria e depois 5 dias de festa em Minas (nem a gente agüentou o pique do povo, viemos embora no segundo dia de festa rsrsrs), o engraçado foi aquele tanto de gente chateados porque não foram convidados para o casamento na igreja, acho que ainda pensam que eu que fiz a desfeita de não chamar. Se me arrependo? Sinceramente não, mas confesso que tenho a curiosidade de saber como seria.

SER MÃE

Meu próximo sonho era o de ser mãe, então, incessante trabalho... Janeiro de 2007 descobrimos que estávamos grávidos, meu Deus que alegria... é uma sensação única, o peito enche que parece que vai explodir, as mãos ficam geladas, o coração acelera e por um minuto parei e me assustei, comecei a me questionar se eu iria saber ser mãe, mas no minuto seguinte estava agradecendo ao meu Deus tamanha benção. 03 de março, fui trabalhar, na volta o Rodrigo me pegou no metrô para irmos juntos pra casa como era de praxe diariamente, naquela tarde não havia me sentido bem, estava com cólica sei lá, cheguei em casa e fui direto tomar banho, quando olho havia perdido um pouco de sangue, fomos para o hospital, no ultra som escrito legível e claramente “FETO SEM BATIMENTOS PRESENTE”, abri o envelope antes de entregar para o médico, ali mesmo no elevador do hospital, perdi os sentidos, naquele momento meu coração parou de bater também. Dia 06 de março eu havia adormecido, tive um sonho muito estranho e nele eu estava com minha filha, quando me assustei no sonho e acordei, decidi levantar e ir ao banheiro, quando o Rodrigo notou que eu havia levantado ele levantou e foi ao meu encontro, ele estava na sala de TV que ficava na frente do nosso quarto, ele parou na frente da sala de TV e eu parei na frente da porta do quarto, todas as luzes estavam apagadas, ele então perguntou se estava tudo bem e eu respondi que sim que só havia levantado para ir ao banheiro, nessa hora acendi a luz para ele ver que realmente estava tudo bem, quando a luz acendeu o Rodrigo arregalou os olhos, ficou parado com o olhar espantado para mim, quando olhei para baixo eu estava simplesmente encharcada de sangue, havia um rastro de sangue da cama até onde eu estava, que susto, que dor na alma, ali naquele rastro de sangue estava meu (minha) filho (a), hospital e muitos dias para me recuperar.

Dia 15 de julho de 2007 fiquei sabendo que estava grávida do Filipe, estava de 5 semanas, acredite que olhei aqueles confusos números várias e várias vezes pra ter certeza que eu não estava louca, na hora que peguei o resultado o Rodrigo estava comigo no telefone, sinceramente não me lembro da reação dele, sei que ele ficou feliz, mas como foi não me lembro, saí ligando pra todo mundo de tanta felicidade, a primeira de todas é claro que foi minha amiga e confidente Mara, como ela ficou feliz, nessa época ele estava grávida de 3 meses do Vitor, ela logo marcou o obstetra para a mesma semana. 5 dias depois, quarta feira fui na consulta com o tal obstetra Dr Álvaro Luciano, especialista em alto risco, depois de colher todos os meus dados fizemos um ultra som e lá estava aquele feijãozinho, mas, não estava nada bem, havia pouquíssima vascularização em volta do feto o que não o supria adequadamente, disfunção hormonal e um cisto de 10 cm no ovário direito, detalhe que segundo o médico esse cisto correspondente ao tamanho estava ali a mais de 1 ano, o porque do detalhe? Lembra que a 4 meses eu tive um aborto espontâneo, então após isso fiz vários exames e nenhum deles mostrou cisto algum, então, de onde apareceu este de 10 cm? Resposta: ??????????? A partir daí foram caixas e caixas de remédios para “segurar” a gravidez. Ia a consulta toda semana, ultra som sempre para fazer acompanhamento, nossa que sofrimento, então com 3 meses, ufa! Tudo certo e estabilizado, a partir daquele momento minha gestação era como qualquer outra. Na semana seguinte no trabalho tive queda da pressão, caí e bati a cabeça no chão, não me lembro de nada, só o depois quando já estava na maca sendo atendida pelos socorristas do prédio. Nesse dia teve uma cena muito engraçada porque meu irmão trabalhava no mesmo prédio que eu, quando eu desmaiei foram comprar leite pra eu tomar e nessa estava todo mundo sem dinheiro, então a menina que estava fazendo faxina no meu serviço saiu correndo desesperada pra procurar dinheiro com alguém pra comprar o tal leite, por coicidencia ela chegou até meu irmão, nessa hora só faltava 0,50 centavos então ela pediu pra ele dizendo que faltava esse dinheiro pq ela precisava comprar o leite pois uma menina que estava grávida havia desmaiado, ele com toda a sua murrinhagem disse que não ia dar que só daria se fosse a irmã dele que tivesse desmaiado, nessa ele perguntou quem foi e ela respondeu que foi a Carol, no momento ele não associou nada eperguntou que Carol, o amigo que trabalha com ele que respondeu SUA IRMÃ! Ele deu o dinheiro e foi correndo onde eu estava, na hora que ele chegou foi exatamente a hora que eu estava acordando, como ele estava muito nervoso ele já foi brigando comigo o porque eu não tinha ligado pra ele e eu como estava acabando de acordar de um desmaio, sem saber exatamente nada do que tinha acontecido olho pra ele com a cara mais lerda e respondo NÃO DAVA PRA LIGAR POIS EU ACORDEI AGORA! KKKKKKKKKK Foi ilário! Felismente não aconteceu nada com meu BB só eu que tive fratura do crânio, até hoje dá pra sentir, credo!

1 mês depois entou eu novamente indo para o serviço, nesse dia eu estava meio mole, com vontade de ficar em casa e então pedi para o Rodrigo me levar e exatamente nesse dia ele disse que não iria, ei insisti e ele relutou então como era eu a empregada tive que ir de buzão, aff, o motorista estava achando que tava levando um monte de vaca ou porco sei lá, só sei que nesse dia não era o meu dia de sorte, acreditem que eu com aquele barrigão não teve um santa alma de bom coração que me cedeu um assento? Pois é, fui eu no chaqualejo arretado em pé, resultado, descolamento parcial da placenta, ninguém mercê, tomalhe remédio... Mas graças a Deus 1 mês depois já estava tudo certinho.

Quando eu estava com 5 meses o Rodrigo decidiu ir para o acampamento de adolescentes da igreja, a comemoração era lá onde Judas perdeu as botas, longe, mas bota longe mesmo. Fiquei sozinha em casa, o Rodrigo iria ficar acho que 5 dias nesse acampamento, então no terceiro dia comecei a ter cólicas, não sei se devido ao nervosismo de estar sozinha as cólicas aumentavam constantemente, comecei a ligar para o Rodrigo, mas como já disse que ele estava lá onde Judas perdeus as botas e as meias e sei lá mais o quê o celular dele não pegava, o pior é que o de nenhum dos meninos que eu tinha o telefone pegava, o telefone do obstetra também não dava em nada, quase pirei e foi naquele momento que com muitas lágrimas nos olhos e o coração apertado gritei literalmente ao meus Deus por socorro e ele me ouviu, consegui contato com um dos meninos do acampamento, não o conhecia, mas naquele momento ele virou meu anjo. Ele chamou o Rodrigo e quando falei como estava me sentindo ele voou pra casa, chegou rapidinho dentro do possível, ficamos sabendo que os adolescentes do acampamento se juntaram, eram mais ou menos 120 adolescentes mais o pessoal da equipe e naquele momento todos em uma só voz começaram a orar por nós, depois vimos o vídeo desse momento e realmente é emocionante (vou tentar colocar aqui depois). Quando o Rodrigo chegou me acalmei mais um pouco, fomos para o hospital e graças a Deus não era nada, estava tudo bem. Depois desse dia troquei de obstetra, comecei a me tratar com a Dra Cyntia Casagrande (anjo de Deus), linda, calma, confiante, foi tudo de bom, ela me acompanhou até o fim da gestação e fez o parto do Filipe.

A data prevista do parto era para o dia 21 de abril de 2008, mas no dia 25 de março comecei a sentir as contrações, começou fraco, mas no dia seguinte, cruz credo! Que dor era aquela? Não aguentei, paramos no consultório da Dra Cyntia, depois da avaliação o quadro era o seguinte: realmente o Filipe queria nascer, mas..., dilatação 0 (em falar nisso, essa coisa de “toque” não é de Deus não viu!), se ele nascesse naquela semana seria pré-termo (pré-maturo) e não queriamos isso, pois ele iria para incubadora, solução? Aguentar, ali começou a “responsabilidade” de ser mãe, a vida do meu pequeno seria decidida por mim, então, decidimos aguentar até domingo, infelismente a dor não diminuiu com essa decisão, ao contrário, cada nova contração, maior a dor e mais curto era o intervalo entre elas. Tinhamos que fortalecer o coração do Filipe para não ter o pirigo dele ir para a UTI neonatal, para isso não acontecer teria que tomar injeção todos os dia até o domingo, sinceramente, se não fosse meu filho teria desistido na primeiro, o coisinha dolorosa, aff!!! No sábado fomos no hospital conhecer o quarto, a UTI neonatal, confirmar se estava tudo certo, confirmamos, era só ir no dia seguinte as 16:00 horas para fazer a internação, a cesária estava marcada para as 19:00. Ainda com 0 de dilatação 4 dias depois, não tive saida. Fomos pra casa e no caminho passamos no supermercado já que eu deveria comer comida leve, compramos e fomos para a fila, acreditem ou não, do nada houve uma briga no caixa ao lado, uma confusão só, quebararam garrafa na cabeça do rapaz do lado, vieram outros para brigar tbm, um cara veio para o lado do Rodrigo o Rodrigo empurrou ele para que ele não me machucasse, pensem que bagunça! Mas no fim deu tudo certo dentro do possível. Dia 30 de março de 2008, o grande dia, ele ia chegar, sinceramente não fiquei nervosa só queria ver o rostinho dele, passar a mão no seu corpinho, saber que estava tudo bem.

Chegamos no hospital, quando fomos dar entrada adivinhem, nada feito, deu um rolo com nosso convenio, e de repente nõ aceitavam mais, sorte que a obstetra estava dando plantão justamente naquele hospital e naquele dia. Fomos nela, meu Deus, não aguentava mais aquela dor, e agora? Ela sugeriu que fizessemos a cesário no dia seguinte, na segunda, mas do fundo do meu coração que eu não aguentava mais, e acho que o Rodrigo não aguentava mais me ver com aquela dor, tadinho não podia fazer nada. Ele começou a ligar desesperado pra tudo quanto era hospital pra ver se tinha a possibilidade de fazer a cesária ainda naquele dia, conseguiu, falamos com a Dra e ela aceitou fazer o parto no outro hospital, entramos no carro e fomos em frente. No Hospital Anchieta fomos muito bem atendidos, tratamento especial, foi muito 10, todos muito simpáticos e prestativos, nos levaram até o quarto para aguardar, troquei de roupa e confesso que por um minuto me deu um frio na barriga, mas olhei para o Rodrigo e logo passou. Tudo pronto, fui para a sala de espera ao lado do centro cirúrgico, o Rodrigo ficou do lado de fora, pois como mudamos de hospital na última hora ele não tinha a autorização pra entrar, teria que ficar esperando a médica para ela assinar a autorização, às 19:15 ela chegou, me confortou e fomos para o centro cirúrgico, no teto tinha desenhos de nuvens, estrelas eu acho, por Deus não fiquei nervosa, o anestesista chegou, pronto, hora de coemeçar, ele aplicou a raqui, ele pediu para eu esperar um pouco para fazer efeito, nessa hora vi o Rodrigo do outro lado do vidro, me confortei. Fiquei lembrando da história da Mara de quando ele foi ter o filho dela o Lucas, que a anestesia não pegou e o médico cortou ela, ela se desprendeu da maca e gritou de dor, já pensou? então toda hora eu ficava levantando as pernas pra saber se ainda tinha ou não os movimentos, e os movimentos persistiam, levantei 1 vez, 2, 3, 4, 5... Nada. Então de novo, só que desta vez ele deu a peridural, não doeu nada até porque eu estava um pouco anestesiada da outra, desta vez deu tudo certo. Iniciaram o parto, é muito estranho, o Rodrigo estava com 2 máquinas, gravando e tirando foto, e nem tremeu! Depois de um tempo ouvi o choro do meu bb, mas estava tão longe, não entendi direito o que estava acontecendo até o Rodrigo vir até mim com a camêra fotográfica, ele me falou que haviam levado o Filipe para limparem e me mostrou o vídeo do seu nascimento, desta hora só me lembro que chorei.

Não me mostraram ele porque ele se sufocou, estava com 2 voltas do cordão enrolados no pescoço, depois de alguns dias o Rodrigo me contou que quando o Filipe nasceu a médica virou pra ele e disse que por alguns segundos a mais ele não teria nascido. Levaram ele para a encubadora, o Filipe nasceu às 20:30, com 3,225 kg e 50 cm. Vi meu bebê as 3:00 da madrugada, foi mágico, único, bom demais. Ele tão indefeso, as roupinhas enormes, dormindo que nem um anjinho, era o meu anjinho. Dois dias depois fomos pra casa.

De agora em diante vou contando aos poucos os acontecimentos.

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